Espaço PET - TELE

Boletim Informativo do Programa Especial de Treinamento do Curso de Engenharia de Telecomunicações da Universidade Federal Fluminense - Niterói - RJ
Número 3 - Jun / Jul / Ago 1998


Neste número:


  O Programa Especial de Treinamento é financiado e promovido pela CAPES e visa a qualificação de alunos bolsistas, através de diversas atividades extracurriculares e interdisciplinares, para um posterior ingresso na pós-graduação. Estas atividades se estendem à outros alunos com a intenção de aprimorar o perfil acadêmico do curso de graduação e desenvolver uma postura crítica na vida profissional. O grupo PET - Telecomunicações é coordenado por um tutor e composto atualmente por 10 integrantes. Para desenvolvimento de tarefas, como estudos dirigidos, pesquisas em diversas áreas, cursos, congressos e visitas, o grupo conta com a participação de professores de vários departamentos. Esta filosofia de grupo pretende incrementar o ensino nas Universidades e incentivar a interatividade entre carreiras, a curiosidade científica, política e humanística.


Intranets

  Confundir Intranet com Internet é até certo ponto natural - a tecnologia é similar. Ambas utilizam o mesmo protocolo de rede (TCP/IP) e utilizam padrões da www e serviços de e-mail.

  Qual a diferença, então? A Intranet é essencialmente uma Internet privada operando na rede interna de uma empresa, porém possui algumas características, que não são verificadas na Internet:

  Em uma Intranet, os usuários (workstations) - funcionários da empresa, visualizam um site HTML, com todo o tipo de informação corporativa, aplicações de relevância para realizar as tarefas, recursos de busca, notícias, links externos, e até áudio e vídeo.

  A Infra-estrutura é a de uma rede local, incluindo um servidor de sistema operacional de rede, um servidor de correio eletrônico, um servidor de Banco de Dados e o servidor Web. Toda esta estrutura, protegida, irá limitar os acessos externos, garantir a integridade de dados, e reduzir os gastos nos processos tradicionais.

  Criar e instalar uma Intranet pode ser uma tarefa fácil. Entretanto, administrar os recursos - a base de dados, limitar os acessos e permissões, gerenciar o processo de publicação de conteúdo, garantir segurança internamente e evitar invasões externas de hackers, devem ser as maiores preocupações da equipe de administração. A nova tendência é que as Intranets se abram para os clientes, fornecedores, revendedores e parceiros comerciais, aumentando as vulnerabilidades.

  Esta abertura requer uma dose adicional de cuidados com a segurança. O bloqueio é formado por softwares de firewall, proxy servers, tecnologia de criptografia e certificação digital, delimitando as áreas e aplicações a que o público externo tem acesso livre.

Janice - PET Tele

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Entrevista - Professora Leni

  1. Como está o processo de revisão do currículo do curso de Engenharia de Telecomunicações?

      Muito já se discutiu sobre este assunto, porém atualmente o processo se encontra suspenso. Estamos esperando as diretrizes curriculares que ainda estão sendo definidas pelo MEC.

  2. O que são diretrizes curriculares?

      São as orientações definidas pelo MEC, nas quais devemos nos basear para fazer a revisão. De acordo com o Conselho Nacional de Educação "a orientação estabelecida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no que tange ao ensino em geral e ao ensino superior em especial, aponta no sentido de assegurar maior flexibilidade na organização de cursos e carreiras, atendendo à crescente heterogeneidade tanto da formação prévia como das expectativas e interesses dos alunos. Ressalta, ainda, a nova LDB, a necessidade de uma profunda revisão de toda a tradição que burocratiza os cursos e se revela incongruente com as tendências contemporâneas de considerar a boa formação, no nível de graduação, como uma etapa inicial da formação continuada.

      Entende-se que as novas diretrizes curriculares devem contemplar elementos de fundamentação essencial em cada área do conhecimento, campo do saber ou profissão, visando promover no estudante a capacidade de desenvolvimento intelectual e profissional autônomo e permanente. Devem ainda promover formas de aprendizagem que contribuam para reduzir a evasão, como a organização dos cursos em sistemas de módulos. Devem induzir à implementação de programas de iniciação científica nos quais os alunos desenvolvam sua criatividade e análise crítica. Finalmente, devem incluir dimensões éticas e humanísticas, desenvolvendo no aluno atitudes e valores orientados para a cidadania."

  3. Qual a sua opinião sobre o Provão ?

      Penso que ele não avalia a Universidade em si, mas serve para avaliar uma em relação às outras, sendo que os resultados vêm confirmando as idéias já existentes antes do Provão. Com relação aos alunos, acho que ele avalia o bom aluno mas não o bom profissional.

  4. Qual a sua expectativa quanto ao desempenho dos alunos de Telecomunicações da UFF, neste primeiro "Provão" ?

      Acredito que os alunos estão bem preparados e se sairão muito bem. Aproveito esta oportunidade para explicar como será o Provão. Ele constará de 10 questões: 4 de formação profissional específica, 3 de formação profissional geral, 2 de formação básica e 1 de formação geral. Nas questões específicas o aluno escolherá 4 dentre 12 questões fornecidas, as quais se distribuirão igualmente dentre as modalidades da Engenharia Elétrica.

  5. Como está a greve no Departamento ?

      Alguns professores pararam e outros não. Não temos previsão de término da greve.

  6. O que a Senhora pensa sobre a questão da privatização da Universidade Pública ?

      Acredito que ela não ocorrerá formalmente porém, ocorrerá um processo semelhante ao ocorrido com o ensino básico, ou seja, os baixos salários causarão uma evasão do corpo docente para as instituições particulares, caindo cada vez mais a qualidade das Universidades Federais.

  7. De uma maneira geral a Senhora gostaria de dizer algo aos alunos de Telecomunicações?

      Sim, quero deixar alguns avisos importantes:

Data : 11 / 05 / 1998

Marcelo de Andrade Leite - PET Tele

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Elite

  Em recentes palestras e entrevistas promovidas pelo nosso grupo PET, alguns docentes tocaram na questão da atual falta de mobilização por parte dos alunos, em comparação com a época em que cursaram Universidade, quando era comum haver debates nas faculdades relativos à realidade do país e com grande participação dos estudantes. Ouvimos opiniões de que a acomodação dos alunos é sentida na própria falta de reação aos problemas com professores ausentes ou desinteressados em passar o conhecimento de forma adequada.

  Realmente muitos dos fatos, que ocorreram no país desde a graduação destes professores, podem ter contribuído para esta acomodação diante de problemas que, naquela época, causariam reações diferentes. Algumas pesquisas* mostram que, de um modo geral, a ambição e o individualismo ganharam espaço entre os jovens brasileiros.

  É legítimo que nós, universitários, tenhamos como objetivos profissionais, bons empregos, talvez em grandes empresas, quem sabe montar uma própria. Nada mais justo para quem faz parte de uma elite instruída no país. Afinal, apenas 11% dos alunos brasileiros atingem a universidade**. Por outro lado, será que nós, integrantes dessa elite tão pequena (este índice brasileiro é pior que os de Costa Rica e Venezuela, longe dos 30% atingidos em países desenvolvidos), temos o direito de ser apenas ambiciosos e individualistas? Bem, se você tem o mínimo de preocupação com o que acontece a sua volta e não pretende trocar de país, o bom senso diz que não.

  Nós, que conseguimos ter acesso aos mais variados campos do conhecimento, temos a possibilidade, quase que a obrigação, de agir de forma um pouco coerente com a posição de elite pensante - ao menos potencialmente pensante - da sociedade. Afinal, se esta tem os mais variados problemas, quais parcelas da sociedade têm a capacidade de desenvolver pensamentos realmente críticos a respeito deles? Certamente somos uma delas. Não aceitar verdades absolutas ou análises superficiais e sim elaborar avaliações críticas a respeito de problemas como por exemplo a busca incessante por produtividade e competitividade nas empresas, privatizações, financiamento público de campanhas eleitorais, ensino gratuito de terceiro grau, reforma agrária ou política econômica é difícil para a maioria dos brasileiros. Seria um ato heróico analisar certas questões e suas conseqüências diretas e indiretas para um cidadão que foi à escola durante quatro anos de sua vida (mesmo estando acima da média brasileira, que não chega aos quatro).

  Se nos afastarmos dos problemas que estão a nossa volta, apenas daremos espaço para que outros resolvam por nós, porém as soluções irão nos atingir de qualquer modo. O futuro de uma sociedade onde os mais capazes não se interessam por pensar e interferir na solução de seus problemas é, pelo menos, temível. Independente da área do conhecimento em que atuemos e de nossos objetivos profissionais, já que somos parte da pequeníssima elite instruída do país, sejamos também da sua elite efetivamente pensante.

Luiz Arthur Silva de Faria - PET Tele

*Jornal do Brasil, 06/07/1997;

** Maria Helena Castro, presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP) do MEC, em entrevista ao JB 29/03/1998.

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Você conhece a AEFE ?

  Em uma conversa com o presidente da AEFE, Prof. Wainer da Silva Silveira, conseguimos compreender a importância da AEFE para a nossa Graduação.

  A AEFE* (Associação de Ex-alunos da Fluminense de Engenharia), fundada em 1972, conta com dois tipos de Sócio: sócio efetivo (ex-alunos e professores) e sócio aspirante (alunos que já estão no ciclo profissional), que contribuem com R$20,00 e R$8,00 respectivamente. Os sócios tem direito às revistas Engevista (com publicações de trabalhos de professores ligados à engenharia) e Memo (abrange todos os cursos da Universidade), descontos de cursos promovidos pela AEFE em parceria com a UFF, como por exemplo o PROLEM (Programa de Língua Estrangeira e Materna) que funciona no campus do Gragoatá. Outros exemplos são: desenvolvimento de software pelo NPD (Núcleo de Processamento de Dados) para uso da própria Universidade e convênios com outras faculdades para desenvolvimento de projetos - como a Faculdade de Farmácia e Veterinária - entre outros.

  Ultimamente parcerias entre a UFF e a AEFE passaram a se tornar uma constante, pois a AEFE viabiliza os cursos e projetos realizados na Universidade.

  Sua característica principal é a agilidade, como afirmou o professor Wainer. Esta ainda conta com o diretor da escola de engenharia José Jairo Araújo de Souza (1º vice-presidente), o diretor do Centro Tecnológico, Heitor Soares de Moura (2º vice presidente), diretores administrativos, diretores de núcleo, conselho fiscal e conselho diretor.

* A AEFE fica no 5o. andar da Escola de Engenharia (prédio novo).

Entrevista: Equipe Jornal

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I ENPETEN

  ENPETEN é o Encontro Nacional de Grupos PET das Áreas de Ciências Exatas e da Terra e Engenharias. Este primeiro encontro aconteceu na Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, no período de 18 a 21 de abril de 1998.

  Alunos de vários grupos PETs de todo o Brasil participaram deste evento e, como não podia deixar de ser, a UFF estava presente representada por 7 alunos do PET-TELE e 6 alunos do PET- Mecânica (únicos grupos do Rio de Janeiro que participaram).

  No primeiro dia (18/4), à tarde, os grupos PETs participaram de Salas de Discussão nas quais o tema "PET: Instrumento de e para Formação" foi abordado. Tivemos a oportunidade de falar sobre os objetivos do PET, direcionados pela CAPES, e também sobre o mercado de trabalho, no qual muitos bolsistas querem ingressar. Em seguida, tivemos uma Plenária para exposição e conclusão deste assunto.

  Na parte da manhã do segundo dia (19/4), assistimos uma Palestra proferida pela Prof.a. Dra. Eunice Soriano de Alencar (UCB). E em seguida, assistimos várias Sessões Técnicas apresentadas por bolsistas que enviaram trabalhos, dentre os quais estavam incluídos os trabalhos "Planejamento Estratégico de uma página WWW" apresentado por Alexandre Ordacgy (PET-TELE) e "Liderança e Comunicação" apresentado por Gustavo Koeler (PET-MEC). Neste mesmo dia, o Grupo PET-TELE ainda apresentou um painel na Exposição de Painéis, no hall da Reitoria. A exposição visava apresentar um histórico dos trabalhos dos grupos. Aproveitamos a exposição para distribuir alguns exemplares do nosso Jornal "Espaço PET~TELE" do mês de março para tutores e bolsistas presentes.

  Na segunda-feira, dia 20/4, assistimos a vários Depoimentos de Ex-Bolsistas, que declararam os benefícios adquiridos em terem participado de grupos PETs, como por exemplo as oportunidades de cursos extras e melhores contatos com profissionais e professores, além de uma formação multidisciplinar. Em seguida, participamos de uma Mesa Redonda, com representantes CAPES, UFSC, Tutores e Bolsistas, onde a principal discussão foi sobre os cortes de bolsas destinadas aos grupos PET.

  O encontro foi encerrado com um jantar em uma churrascaria rodízio seguido de uma festa no Hotel Campeche, onde muitos dos grupos PETs ficaram hospedados.

Aline Passos - PET

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Greve

  Neste número, não poderíamos deixar de falar da greve que atinge as universidades federais desde meados de abril, não somente por ser este um tema sempre polêmico, como pela dimensão que tomou o atual movimento - 51 das 52 universidades federais estão total ou parcialmente paradas. Conversamos então com a diretora de comunicação da ADUFF* (Associação de Docentes da UFF), Vera Massena.

  A defasagem dos salários dos professores e o sucateamento das universidades contribuíram para a realização da greve, porém o fato que na prática motivou seu início foi o anúncio do PID (Programa de Incentivo à Docência) pelo governo. O programa beneficiaria 25 a 30% da categoria, da seguinte forma: 60% para professores doutores, 30% para mestres e 10% para os com especialização - não participam professores com graduação, aposentados e professores técnicos, sendo então o programa excludente. Um dos critérios utilizados para a escolha dos professores beneficiados e criticado por Vera seria o número de horas de aula dadas, uma vez que há variação de carga horária de curso para curso. Uma outra grande crítica ao governo, senão a principal, é de que ele pretende substituir um reajuste salarial a que os professores teriam direito (aproximadamente 46%, relativos a perdas com a inflação) por um programa que atende somente a parte dos docentes (e apenas por um período de dois anos), dividindo a categoria.

  Diante da proposta do governo, foi elaborada então uma "pauta emergencial", onde constam quatro reivindicações: